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BEE4 prepares 1st listing on its platform*

Valor Econômico | Junho de 2022

Os projetos selecionados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para o “sandbox” regulatório começam a sair do papel. Uma das empresas escolhidas, a BEE4, prepara, para as próximas semanas, a listagem da primeira empresa em sua plataforma, a rede de clínicas de reprodução assistida Engravida. Por meio da tecnologia blockchain, as ações serão representadas por tokens e registradas em carteiras dos investidores. Os ativos serão escriturados pela Oliveira Trust (OT), plataforma de soluções para fundos e serviços fiduciários.

O sandbox considera um arcabouço regulatório mais simplificado e flexível para que as transações escolhidas se desenvolvam de forma mais livre por até dois anos. A BEE4 visa criar um balcão organizado para empresas emergentes, uma espécie de mercado de acesso. O alvo são companhias não tão pequenas a ponto de realizar uma oferta de “equity crowdfunding” (financiamento coletivo), mas que também não têm porte para fazer uma emissão de ações tradicional. A CVM concedeu autorização para que empresas com faturameno anual entre R$ 10 milhões e R$ 300 milhões possam participar do processo.

A empresa é controlada pelo grupo Solum, em parceria com a Finchain e a CIP. Pelo modelo proposto, a oferta primária será realizada na plataforma de crowdfunding da Beegin, que faz parte do grupo Solum, enquanto as negociações secundárias ocorrerão na BEE4. Os tokens são uma representação digital e o lastro serão as próprias ações das empresas listadas na BEE4.

Um dos argumentos a favor dos tokens é que, na prática, refletirão em uma redução de custos e spreads, facilitando o acesso de investidores no mercado de capitais. Além disso, a perspectiva é que futuramente o público alcançável seja maior, inclusive no exterior. Tem havido um apetite grande de investidores por ativos digitais, comparado ao mercado tradicional.

A Engravida, primeira a ser listada na BEE4, fez uma oferta de crowdfunding no fim de 2020 e levantou R$ 13,1 milhões. Os investidores que participaram da oferta terão suas ações tokenizadas para que o ativo comece a ser negociado na BEE4 nas próximas semanas.

Uma das determinações da CVM foi a de que a primeira listagem seria de uma empresa que já havia passado pela fase do crowdfunding. A BEE4 tem autorização para fazer 10 operações.

“Estamos fazendo a representação da emissão feita em 2020 e transformando-as em tokens. Um vez listada, a Engravida está aberta para novas emissões, o percentual de negociação dela no mercado vai aumentar”, diz a presidente e cofundadora da BEE4, Patricia Stille. Participaram da oferta de crowdfunding da Engravida pouco mais de 150 investidores. Quem quiser aderir terá suas ações tokenizadas e poderá entrar nas pontas vendedora ou compradora, quando as negociações começarem.

“Temos o desafio de construir liquidez, que não será da noite para o dia. Temos preocupação com a formação de preço. Um mercado ilíquido é muito preocupante para uma empresa”, diz Stille.

As negociações vão ocorrer uma vez por semana, às quartas-feiras, das 12h às 20h, horário estendido no modelo da plataforma Robin Hood e que visa atender pessoas físicas fora do expediente de trabalho.

Nos dias sem esse “pregão”, inclusive nas manhãs de quarta-feira, a plataforma ficará aberta para receber ofertas. Com base no preço de referência do papel, serão estabelecidos intervalos de oscilação e as ofertas poderão ser dadas dentro desses limites. Uma hora antes do início do pregão, um algoritmo definirá o leilão de abertura, que vai buscar maximizar as negociações com um “match” entre ofertas de compra e venda. O objetivo é fechar o máximo de negócios possível.

O escriturador, figura tradicional do mercado de capitais, também atua de forma ativa no processo. As empresas que abrem capital precisam contratar essas instituições para controle de seus livros societários e eventos corporativos. O mesmo vai acontecer no caso das ações tokenizadas. O objetivo é garantir o controle da titularidade dos ativos, conciliando as transações do ambiente de negociação com o registro no “livro” societário das empresas listadas. Além de fazer o controle da titularidade dos tokens da BEE4, a OT também será a responsável pela guarda desse lastro, diz o diretor da área de serviços qualificados da companhia, Raphael Morgado.

“Vamos utilizar a tecnologia, inclusive aplicações em blockchain, atuando diretamente na rede, como um validador, em que as operações serão realizadas e registradas. É uma sofisticação da aplicação da tecnologia, em benefício da exploração de um novo ambiente e uma nova forma de transacionar diferentes ativos”, afirma Morgado.