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Com tokenização de investimentos, mundo opera sem fronteiras, 24h por dia

Exame | Julho de 2022

Na esteira dos avanços tecnológicos, a tokenização, prática que consiste em transformar ativos reais em ativos digitais, veio para romper barreiras e facilitar a vida dos investidores. Os tokens se tornaram uma tendência no mundo financeiro por serem registros digitais de ativos que podem ser livremente transacionados e negociados por meio da blockchain, tecnologia de validação de dados que dá segurança à estrutura.

Para se ter uma ideia, o mercado global de tokenização deve ter um crescimento médio anual de 19,5% entre 2020 e 2025, passando de US$ 1,9 bilhão para US$ 4,8 bilhões no período, segundo estimativas da consultoria MarketsandMarkets.

Esse movimento acompanha o novo perfil do investidor, mais conectado e que busca agilidade e comodidade para realizar transações financeiras e investimentos. Diante das novas oportunidades que surgiram com a era digital, que trouxe modernização para as operações, a tokenização apresenta inúmeros benefícios.

O primeiro é a pulverização e distribuição de um ativo entre diversos investidores. Isso ocorre porque o token representa uma fração digital de um ativo real. Com a conversão em frações digitais, os titulares dos tokens passam a ser donos de parte do ativo real, com direito ao recebimento dos lucros.

Outra vantagem atraente é a negociação sem fronteiras. A tecnologia possibilita que investidores do mundo todo comprem os tokens de diversas empresas, sem precisar ficar presos sobre os ativos de um mercado específico. Na prática, o token migra entre as wallets (carteiras digitais) dos investidores independente do país de origem.

Além disso, há o benefício do tempo. Se na bolsa de valores o pregão funciona com os horários de início e fim pré-definidos, com o token é diferente. Alexandre Freitas, CEO da Oliveira Trust, plataforma financeira digital de soluções para administração de fundos e serviços fiduciários no Brasil, explica que com a tokenização o mundo inteiro opera sem restrições de horários, ou seja, as plataformas de negociação funcionam 24 horas por dia, sete dias por semana.

Democratização

A tokenização representa também um movimento importante para a democratização do acesso aos investimentos, que, anteriormente, estavam restritos aos investidores que possuem maior capital, ou até mais fluência e experiência no mercado de capitais. Considerando que os ativos são fracionados e compartilhados por meio da blockchain, pequenos investidores têm a possibilidade de investir, desembolsando um valor menor.

Ainda como benefício, vale ressaltar que a operação oferece mais possibilidades de investimentos, com spreads mais acessíveis. E ainda apresenta maior liquidez, levando em consideração que as negociações são mais simples e rápidas se comparadas a outros tipos de aplicações.

Essa tendência viabiliza diversificar os investimentos, aumentando as opções rentáveis disponíveis no mercado. Atualmente, quase tudo por ser tokenizado, ou seja, transformado em um ativo digital, como os bens tangíveis: obras de arte, imóveis e veículos, por exemplo, e intangíveis: direitos autorais, recebíveis de cartão de crédito, entre outros.

Vantagens

Segundo o executivo, a tecnologia blockchain não demanda agentes intermediários e intervenções manuais, o que diminui os riscos e os gastos tanto para as empresas, quanto para o investidor. “O empresário que possui um direito creditório (uma dívida convertida em título), por exemplo, procura uma tokenizadora, que transforma o título de dívida em um token, e essa empresa que vai, por meio de um smart contract (contrato inteligente), regular a operação e acessar o mercado diretamente, sem intermediários.” E acrescenta: “A tokenização é um modelo mais rápido e mais barato que viabiliza operações de pequeno valor”.

Ainda vale ressaltar que assim como o mercado financeiro preza pela segurança de outros ativos, as operações de tokens também seguem essa mesma linha. “Quando uma empresa emite um token, o lastro (espécie de garantia de um ativo) tem o mesmo modelo de custódia que já existia nas outras operações tradicionais”, afirma Freitas.

O executivo também esclarece que a tecnologia blockchain reforça a segurança devido à descentralização do sistema: “Todas as informações referentes à determinada operação não estão em um único servidor, em um computador ou em uma instituição. Elas estão pulverizadas em uma rede de computadores que registra, quando sincronizada, as informações referentes ao token.”